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Ex-diretor-geral do DMAE e diretor do DEP aponta falta de manutenção como causa do colapso do sistema de proteção contra cheias em Porto Alegre

Frame de vídeo “Bora Brasil”, Rádio Bandeirantes, manhã de 08/05/2024

Chefe de gabinete e assessor especialista do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), entre os anos de 1993 e 1996; assessor engenheiro do prefeito de Porto Alegre, em 1996; diretor de Conservação e diretor do DEP, em 1997; e diretor-geral do DMAE, de 2001 a 2004, pode-se considerar que o engenheiro agrônomo Carlos Atilio Todeschini conhece bem os sistemas de saneamento e de proteção contra as cheias da capital. Quando assumiu a Direção-Geral do DMAE, Todeschini afirmou a autarquia municipal como um exemplo mundial de gestão em saneamento apoiado no profissionalismo dos servidores do Departamento. O DMAE passou a ser considerado referência de gestão pública, reconhecido por entidades como a Frente Nacional de Saneamento Ambiental (FNSA) e a Associação Nacional de Serviços Municipais de Saneamento (Assemae).

Engenheiro agrônomo Carlos Atilio Todeschini, diretor-geral do DMAE (2001-2004), diretor de Conservação e diretor do DEP (1997)

É investido dessa autoridade que ele fala sobre sua trajetória na gestão da cidade, em diferentes períodos, e analisa as causas do colapso que resultou no agravamento da tragédia que se abate sobre a população porto-alegrense com a enchente deste mês de maio.

Segundo Todeschini, Porto Alegre tem o melhor sistema de proteção contra cheias do Brasil – composto por diques, casas de bombas, pelo Muro da Mauá, por comportas de superfície e de gravidade e, ainda, pela estrutura predial da Usina do Gasômetro. É um complexo que representa investimentos que ultrapassam um bilhão de dólares, construído durante várias décadas, desde 1941.

“O colapso atual, contudo, acontece porque os serviços básicos de manutenção não foram feitos. E, aí, pelo menos duas comportas não resistiram à pressão da água e foram a pique. São estruturas enferrujadas, corroídas, emperradas, sem lubrificação e sem pintura – a ponto de assistirmos uma delas, da região central, ser acionada pela tração motora de uma máquina retroescavadeira”, esclarece.

Ele explica, lembra também que, “em 1993 e anos subsequentes, quando estava no DEP, fazíamos a manutenção preventiva das comportas – tanto as de superfície, quanto as de gravidade. Assim, essas recebiam tratamento e reparos relacionados à ferrugem, pintura, mobilização e outros, a ponto de serem acionadas manualmente a qualquer momento, em caso de necessidade. E as comportas de gravidade ficavam submersas nos poços das casas de bombas (portanto não aparentes), com a função de realizar o esgotamento por gravidade quando o nível do rio está mais baixo do que o da cidade.”

O engenheiro agrônomo revela que essas comportas fazem parte das estruturas do sistema de proteção contra as cheias, pois, quando o rio está acima da cota 3 (mais alto que várias áreas da cidade), elas fecham com a pressão do rio, e o escoramento é feito pela elevação da água por meio do acionamento do sistema de bombeamento.

Em relação às várias matérias da mídia que, no último dia 4 de maio, relataram o fato de a água estar vertendo pelos esgotos, Todeschini traz alguns esclarecimentos.

“Isso significa que as comportas de gravidade também não estão operando, por falta de manutenção. Essa manutenção é cara, geralmente feita por serviços de mergulho contratados e altamente especializados. É importante registrar que esse problema já tinha aparecido na enchente de 2023. Fiz um vídeo sobre isso à época. Enfim, talvez os gestores atuais nem saibam disso. O desmonte e sucateamento do DEP e DMAE têm como resultado tudo isso”, afirma.

“O DEP era uma secretaria municipal – a única de primeiro escalão do Brasil que cuidava da drenagem e do serviço de proteção contra enchentes. Foi sucateado e jogado para dento do DMAE como um departamento não importante. O resultado, agora é amplamente visível”, conclui Carlos Todeschini.

 

Imagem de capa: frame de vídeo Bora Brasil (08/05/2024)

 

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