
Foi encerrada, no início da noite, sem as votações previstas, a sessão desta quarta-feira, 15/10, da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. A medida decorreu de um episódio de abuso e violência da Ronda Ostensiva Municipal (Romu) e da Guarda Municipal, acionadas pela presidente da Casa, vereadora Comandante Nádia (PL).
No início da tarde, em sessão conduzida pelo ver. Márcio Bins Ely (PDT), vereadores da oposição solicitaram que fosse autorizado o acesso de servidores do DMAE e representantes dos carrinheiros (catadores/recicladores), que aguardavam do lado de fora dos portões, para que pudessem tomar água e usar os banheiros, visto que o sol estava forte e fazia muito calor. Havia mulheres e crianças, e o serviço de segurança do Legislativo alegava que a capacidade máxima de ocupação das galerias havia sido atingida.
Durante as solicitações para liberação do acesso das pessoas, o ver. Cel. Ustra (PL) pediu que, caso os portões fossem abertos, parlamentares com porte de arma de fogo pudessem permanecer armados no plenário. O pedido gerou protestos de diversos parlamentares e da população presente nas galerias.
Enquanto a questão era discutida no plenário, no pátio da Câmara, a Romu e a Guarda Municipal entraram em confronto com as pessoas que aguardavam a liberação para acesso à água e aos banheiros.
— Estão batendo em todo mundo lá na rua. Estão jogando bomba — protestou o ver. Jonas Reis (PT). Diante da denúncia, Bins Ely suspendeu a sessão.
CENÁRIO DE GUERRA
Na entrada do prédio da Câmara Municipal, um cenário inacreditável, de guerra. Do lado de dentro, pessoas amontoadas contra os vidros da porta. Do lado de fora, sucessivos estrondos, muita fumaça, gritos de pavor e correria na tentativa de escapar das formações táticas de ataque, que avançavam sobre a população.
Em dado momento, um dos guardas soltou uma das portas de vidro do trilho inferior, introduziu o braço pela fresta e detonou um spray de pimenta, espalhando o conteúdo sobre os rostos das pessoas, que imediatamente começaram a tossir e tiveram dificuldades para respirar.
No pátio, foram utilizadas balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Diversas pessoas, entre elas os vereadores Grazi Oliveira (PSOL), Atena Roveda (PSOL), Giovani Culau (PCdoB), Erick Dênil (PCdoB), Juliana de Souza (PT) e o deputado estadual Miguel Rossetto (PT), foram diretamente atingidas. Atena Roveda desmaiou e foi levada de ambulância ao Hospital de Pronto Socorro (HPS).
Enquanto ocorria a situação de violência no pátio, a base governista tentou prosseguir com a sessão para votações, mesmo sabendo que havia parlamentares sem condições de participar, ou seja, uma tentativa de cassar o direito desses vereadores e vereadoras de manifestação e voto.
Suspensa às 15h37min, a sessão foi retomada às 18h19min e encerrada menos de 20 minutos depois. O projeto que restringe a atuação dos catadores será retomado na segunda-feira. A concessão do DMAE ainda não tem data definida para ser apreciada no plenário, mas as entidades de servidores destacam que é fundamental que a categoria municipária acompanhe as informações sobre a tramitação do PL do DMAE.
PEDIDO DE RENÚNCIA DA PRESIDENTE DA CÂMARA, VER. COMANDANTE NÁDIA
Viralizou ontem na internet um documento para coleta de assinaturas solicitando a “Renúncia da Comandante Nádia já!”, em razão da postura autoritária da atual presidente da Câmara Municipal, que permitiu a agressão a manifestantes e vereadores.
Clique aqui para acessar o documento “Renúncia da Comandante Nádia já!”.
MOBILIZAÇÃO INICIOU COM CONCENTRAÇÃO E CAMINHADA
A mobilização dos municipários começou no início da tarde, com concentração no Largo Zumbi dos Palmares seguida de caminhada até a Câmara Municipal. Além da Astec e do Simpa, participaram do movimento chamado pela Atempa, professores da rede municipal, servidores do DMAE, representantes do CPERS Sindicato, vereadores e deputados estaduais.
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ASTEC – Diretoria Executiva 2025/2026
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